Em audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, associação de moradores alertam para possível risco ambiental
Um impasse entre a prefeitura de Nova Lima, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, e moradores do bairro Vale do Sereno marcou a audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na quinta-feira, dia 31 de agosto.
Representantes de associações do bairro reclamaram do risco de desmoronamento de prédios já existentes no local com a possível construção de outras seis torres, que conseguiram o alvará de construção da administração municipal.
Porém, o secretário de Planejamento de Nova Lima, André Luiz Rocha, não reconhece o risco iminente, ao considerar que a obra ainda não começou.
“Os moradores estão se antecipando ao problema”, defende o presidente da comissão da ALMG e autor do requerimento da reunião, deputado Sargento Rodrigues (PDT).
“Depois que desabar, não adianta”, completa o parlamentar.
O presidente da Associação de Proteção ao Vale do Sereno (Aprovs), Leonardo Pinho Gomes, explica que o terreno é arenoso, tem um declive de 80º e apresenta desníveis que vão de 9 a 15 m.
Segundo ele, para a construção dos edifícios seriam necessários cortes e uso de taludes, que podem comprometer as construções vizinhas.
“Mais importante que nosso patrimônio são as nossas vidas”, afirma o presidente da Aprovs.
Segundo o presidente da Associação dos Amigos do Vila da Serra, Vale do Sereno e Adjacências (Amavise), engenheiro Sérgio Americano Mendes, o filito, uma das rochas mais presentes no terreno, em contato com a água “vira uma manteiga”.
Em sua opinião, o Ministério Público precisa tomar uma providência, para evitar um futuro desastre.
Obra é legal
Durante a audiência, o secretário André Rocha informou que o alvará foi concedido para o dono do loteamento e disse desconhecer quem é a construtora que fará a obra.
Segundo ele, o alvará seguiu os critérios da legislação vigente, que foram atendidos.
O secretário lembra que o terreno é o mesmo ocupado pelos prédios dos moradores participantes da audiência pública.
“Se há algum questionamento, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia [Crea-MG] tem que ser ouvido.
Acredito que terão responsáveis técnicos pela obra”, comenta André Rocha.
Ele diz que não se pode avaliar o risco do empreendimento porque ainda não foram iniciados os trabalhos.
“Vamos acompanhar a obra”, assegura o secretário.
Rocha diz ainda que levará os questionamentos apresentados para o prefeito de Nova Lima, Vítor Penido.
Crescimento desordenado
Os participantes da audiência na ALMG também denunciaram o crescimento desordenado de Nova Lima, que estaria colocando em risco o meio-ambiente e a segurança dos moradores da cidade.
O engenheiro Sérgio Mendes afirma que já foram licenciados 4,2 mil lotes que podem receber novos prédios e causar impacto ainda maior no trânsito já caótico da região do Vale do Sereno.
“Cada espigão significa mais 100 famílias e 300 carros colocados nas ruas”, alerta o presidente da Amavise.
Fonte e foto: Revista Encontro
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